Mesmo sendo antiquado - alguém ainda lê ou trabalha neste formato? -, apresento por aqui meu primeiro artigo acadêmico para o Mestrado.
Anti, pós, ante.
"...vou cantar para você, um pouco desafinado talvez, mas vou cantar. (...) Para cantar é preciso primeiro abrir a boca. É preciso ter um par de pulmões e um pouco de conhecimento de música. Não é necessário ter harmônica ou violão. O essencial é querer cantar. Isto é, portanto, uma canção. Eu estou cantando." (Henry Miller, Trópico de Câncer)
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Artigo: "Economia brasileira: da colonização aos primórdios da industrialização"
Retomando as atividades deste "blog".
quarta-feira, 11 de julho de 2018
Ensaio sobre Borges
Fim. Ir e vir, vamos. Qual o sentido? A rota é labirinto, de difícil chegada ao centro de Creta. Gerações se perderam no tempo, espaço. O tempo, tempo mesmo de fazer trovejar, talvez melhore. No além-espaço. Nós. Falhei eu, você. Do acontecido, ausência, esquece. Foi bom o reencontro, enfim. Início.
terça-feira, 16 de abril de 2013
Um país indeciso. E paralisado.
O Brasil atual (Abril, 2013) vive um momento amplamente democrático. Todos se manifestam:
a) os evangélicos e o movimento GLBT travam batalha campal na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados;
b) os ambientalistas e ruralistas, os grupos da cidade e do campo, travaram batalha no Código Florestal, ainda sub judice;
c) os grupos indígenas lutam por seus direitos na frente da AGU, contra a Portaria 303/12 que trata sobre demarcação de terras indígenas, bem como invadem o Plenário da Câmara dos Deputados contra a PEC 215 que retiras poderes da FUNAI, e, contra as grandes obras públicas (usinas hidrelétricas) que ocorrem em suas áreas;
d) os ruralistas, por meio da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), pegaram em armas na CCJ do Senado para defenderem o projeto que prevê como crime de responsabilidade do governador o descumprimento da reintegração de posse determinada pela justiça no prazo máximo de 15 dias, projeto este que vai de encontro aos interesses do MST e dos Movimentos de Moradia;
e) os trabalhadores, a indústria, o setor de transporte, a União e os Estados afetados, debatem a MP 595 que trata do novo regime de portos;
f) o sistema financeiro tem seu legítimo porta-voz: a mídia tradicional. E a pauta é rigor fiscal, juros contra a inflação e novas privatizações com mais investimentos privados.
g) os grupos de blogueiros que estão fora do mercado de mídia tradicional fundam seu instituto, com fundo de compensação financeira e debatem a quebra dos monopólios midiáticos;
h) partidos políticos são criados (#Rede, Solidaridade, ARENA, PPL, PEN), cindidos (DEM e PSD) ou fundidos (PPS e PMN), bem como debatem (ou não) a reforma política possível;
i) os grupos liberais e seus institutos (ANJ, Instituo Millennium, etc) , organizam seus seminários: Fórum da Liberdade; os socialistas também: Fórum da Igualdade;
j) aposentados e trabalhadores lutam no Congresso pelo fim do fator previdenciário e pela desaposentação;
k) as polícias e o Ministério Público debatem a PEC 37 que trata da titularidade e hierarquia da investigação criminal;
Enfim, há uma infinidade de outras situações (piso salarial mínimo de professores, piso salarial dos PM's, novo regime do ICMS, nova lei do FPE/FPM, imigração, etc) nas quais os interesses dos diversos grupos são carreados às instituições, legitimamente.
Mas há um problema: não há decisão política da Nação. Não ha um caminho claro a seguir, um norte. Há atropelos, em um andar claudicante. Estamos indecisos sobre o próximo salto, o próximo passo.
Em todas estas situações podemos verificar que não há uma efetiva decisão política-legislativa, relevante, sobre nenhuma das grandes questões nacionais: aborto, direitos aos casais homoafetivos, meio ambiente, produção agrícola, habitação, urbanismo, índios, investimentos privados, privatizações, juros, câmbio, inflação, balanço de pagamentos, política econômica, empreendedorismo, comunicação, liberdade de expressão, liberdade de imprensa, pluralidade, papel do STF, pacto federativo, etc.
Não há decisão nem na situação, nem na oposição, nem na “terceira via” (seja ela ambientalista, ética, centrista, etc). A judicialização da política, com o STF funcionando com a terceira perna do processo legislativo, exemplifica como os temas são conflitivos.
Os rumos do governo Dilma caminham para um "novo desenvolvimentismo social", que se constitui em políticas tendentes a aumentar o poder do Estado-regulador na economia, intervindo em setores estratégicos, com a finalidade de dinamizar setores industrias e diminui nossa dependência das commodities, aliado à expansão do emprego e renda.
Até estes aspectos, essenciais ao projeto da governante, estão sob fogo cerrado dos setores excluídos: oposição, parte da base aliada (alguns sindicatos patronais e sindicatos de trabalhadores, em especial a Força Sindical), bancos, fundos de investimento, fundos de pensão, conservadores, liberais.
Nunca vi serem tão discutidas filigranas procedimentais até então pouco relevantes do processo legislativo: sanção, veto, promulgação, pertinência temática, prazo de publicação, etc.
Não há decisão definitiva nem para criação de Tribunais Regionais Federais em estados populosos ou reagrupamento de seções judiciárias, nem para grandes obras de infraestrutura. Neste último caso, só olhar a quantidade de ações judiciais contra as usinas Hidrelétricas em construção na região Norte, em especial a usina de Belo Monte.
O Brasil parou, conforme demonstra os recentes números do PIB, jocosamente chamados de “pibinho”.
Fernando Henrique Cardoso tinha uma clara maioria na sociedade e no parlamento que o fez avançar em temas importantes; Lula resolvia estas contradições no Gabinete presidencial, do qual saía a direção política a ser tomada.
Dilma, por sua vez, não tem a mesma cognição política que ambos. É menos afeita a consensos e discussões com o Parlamento. Sua lógica é direta, objetiva, voz de mando.
No entanto, acho que o país precisa de uma nova postura de sua Presidente, de guia da Nação. Não de executora.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Eleições em São Paulo/2012 - Painel Geral
As eleições na cidade de São Paulo pra prefeito apresentam quatro candidaturas competitivas, são elas:
- uma de centro-esquerda (Haddad);
- uma de centro (Chalita);
- uma da direita personalista (Russomano) e,
- uma da direita tradicional (Serra).
Estas quatro candidaturas oferecem propostas e soluções diferentes, amparadas no quadro de apoiadores; goste-se ou não, todas possuem sim, propostas de políticas públicas: basta analisar o que pensam os segmentos sociais sustentadores das respectivas categorias.
É bom salientar que todos os grupos aqui citados não são “nem demônios, nem anjos”, mas atores sociais relevantes, todos na arena democrática expondo suas idéias, razões e motivos.
Só senti falta do apoio mais firme dos “eco-capitalistas”, quase todos “marineiros” no PV e com Serra, mas que não tiveram declaração de apoio da ambientalista e líder social Marina Silva nesta eleição; agora, os eco-socialistas sumiram (eles existem?).
Assim, podemos fazer diversas clivagens com estas quatro candidaturas:
a)Lulistas (Haddad, Chalita, Russomano) x Anti-Lula (Serra);
b)Kassabistas (Serra) x Anti-Kassab (Haddad, Chalita, Russomano);
c)Buscou apoio de líderes religiosos (Chalita, Russomano, Serra) x Não buscou apoio (Haddad);
d) Evangélicos pentecostais (Serra, Chalita); neopentecostais (Serra, Russomano); católicos (Serra, Chalita).
Não conheço a posição dos protestantes históricos; os pentecostais são em geral as igrejas da Assembléia de Deus, Quadrangular e Brasil Para Cristo; os neopentecostais são a Universal, Mundial, Internacional, Renascer.
De modo mais específico, temos:
e) HADDAD: apoiado por sindicatos de trabalhadores e movimentos sociais, associações de bairro da periferia e movimentos de minorias/temáticos, bem como de lideranças tradicionais do partido/coligação/cidade (Antônio Donato, Família Tatto, Francisco Chagas, Paulo Fiorillo, Senival Moura, Zelão, José Américo, Juliana Cardoso, Ítalo Cardoso, Erundina, Eliseu Gabriel, Jamil Murad, Orlando Silva) e famosos (Marcelinho Carioca, Noemi Nonato – cantora evangélica -, Pereio, Ota, Netinho, T. Kaçula, Leci Brandão, Eliane de Lima, Emicida, Mano Brow) e intelectuais (Antonio Candido, Maria Rita Kehl, José Celso Martinez Correa, Celso Antonio Bandeira de Mello, Marilena Chaui, Vladimir Safatle, Fernando Morais, Dalmo Dallari, Andre e Paul Singer, Anita Freire, entre outros);
f) CHALITA: apoiado pela Renovação Carismática Católica, por partidos de pastores centristas (partido são o PSC e o PSL, com Marcos Feliciano, Lelis Trajano, Gilberto Nascimento Jr) e importantes nomes das profissões liberais como a área jurídica (Michel Temer, Luiza Nagib Eluf), comunicadores (Nelo Rodolfo e Raul Gil JR) e área da saúde/médica (Mariane Pinoti como vice, filha do falecido José Pinotti, médicos).
g) RUSSOMANO: apoio principal das igrejas neopentencostais (Universal, Mundial, Internacional da Graça, Renascer e algumas Assembléias de Deus), da Rede/TV Record, com boa inserção no meio jurídico (com o D’urso da OAB/SP como vice), e, chapa de vereadores com muitos famosos (Reinaldo Príncipe do Pagode, Chico Lang, Nani Venâncio) ou com lideranças tradicionais (Celso Jatene, Paulo Frange, Conte Lopes, Adilson Amadeu).
h)SERRA: apoiado por alguns sindicatos patronais (Fecomercio e Associação Comercial ACSP), grandes veículos de comunicação (Veja, Globo, Folha e Estadão), militares (Coronel Paulo Telhada e Coronel Álvaro Camilo, na chapa de vereadores, bem como apoiado pelos subprefeitos do Kassab, que são coronéis da reserva), evangélicos e pastores conservadores (algumas igrejas Assembléia de Deus; Silas Malafaia, Marta Costa na chapa de vereadores, filha do Pastor José Wellington Bezerra da Costa; Pr. Hideraldo Pagliarian e José Pagliarin como vereadores pela Igreja Paz e Vida; Carlos Bezerra e Patrícia Bezerra da Comunidade da Graça, Pastor Atalaia, Miss. Edilaine Pires), candidatos a vereadores famosos (Serginho do BBB, Kiko KLB, Agnaldo Timóteo, Ademir da Guia, Aurélio Miguel), lideranças tradicionais do partido/cidade (Andrea Matarazzo, Antonio Carlos Rodrigues, Tonhinho Paiva, Floriano Pesaro, Goulart, Police Neto, Estima, Tuma, Havanir, Milton Leite, Mirian Athiê) e intelectuais (Boris Fausto, Fernando Henrique Cardoso, José de Souza Martins, Arnaldo Jabor, Celso Lafer, Grandino Rodas, Hélio Bicudo).
Pois é isto aí. A eleição está embolada, as estatísticas não dizem muito coisa, só nos resta votar e aguardar as cenas do próximo capítulo.
- uma de centro-esquerda (Haddad);
- uma de centro (Chalita);
- uma da direita personalista (Russomano) e,
- uma da direita tradicional (Serra).
Estas quatro candidaturas oferecem propostas e soluções diferentes, amparadas no quadro de apoiadores; goste-se ou não, todas possuem sim, propostas de políticas públicas: basta analisar o que pensam os segmentos sociais sustentadores das respectivas categorias.
É bom salientar que todos os grupos aqui citados não são “nem demônios, nem anjos”, mas atores sociais relevantes, todos na arena democrática expondo suas idéias, razões e motivos.
Só senti falta do apoio mais firme dos “eco-capitalistas”, quase todos “marineiros” no PV e com Serra, mas que não tiveram declaração de apoio da ambientalista e líder social Marina Silva nesta eleição; agora, os eco-socialistas sumiram (eles existem?).
Assim, podemos fazer diversas clivagens com estas quatro candidaturas:
a)Lulistas (Haddad, Chalita, Russomano) x Anti-Lula (Serra);
b)Kassabistas (Serra) x Anti-Kassab (Haddad, Chalita, Russomano);
c)Buscou apoio de líderes religiosos (Chalita, Russomano, Serra) x Não buscou apoio (Haddad);
d) Evangélicos pentecostais (Serra, Chalita); neopentecostais (Serra, Russomano); católicos (Serra, Chalita).
Não conheço a posição dos protestantes históricos; os pentecostais são em geral as igrejas da Assembléia de Deus, Quadrangular e Brasil Para Cristo; os neopentecostais são a Universal, Mundial, Internacional, Renascer.
De modo mais específico, temos:
e) HADDAD: apoiado por sindicatos de trabalhadores e movimentos sociais, associações de bairro da periferia e movimentos de minorias/temáticos, bem como de lideranças tradicionais do partido/coligação/cidade (Antônio Donato, Família Tatto, Francisco Chagas, Paulo Fiorillo, Senival Moura, Zelão, José Américo, Juliana Cardoso, Ítalo Cardoso, Erundina, Eliseu Gabriel, Jamil Murad, Orlando Silva) e famosos (Marcelinho Carioca, Noemi Nonato – cantora evangélica -, Pereio, Ota, Netinho, T. Kaçula, Leci Brandão, Eliane de Lima, Emicida, Mano Brow) e intelectuais (Antonio Candido, Maria Rita Kehl, José Celso Martinez Correa, Celso Antonio Bandeira de Mello, Marilena Chaui, Vladimir Safatle, Fernando Morais, Dalmo Dallari, Andre e Paul Singer, Anita Freire, entre outros);
f) CHALITA: apoiado pela Renovação Carismática Católica, por partidos de pastores centristas (partido são o PSC e o PSL, com Marcos Feliciano, Lelis Trajano, Gilberto Nascimento Jr) e importantes nomes das profissões liberais como a área jurídica (Michel Temer, Luiza Nagib Eluf), comunicadores (Nelo Rodolfo e Raul Gil JR) e área da saúde/médica (Mariane Pinoti como vice, filha do falecido José Pinotti, médicos).
g) RUSSOMANO: apoio principal das igrejas neopentencostais (Universal, Mundial, Internacional da Graça, Renascer e algumas Assembléias de Deus), da Rede/TV Record, com boa inserção no meio jurídico (com o D’urso da OAB/SP como vice), e, chapa de vereadores com muitos famosos (Reinaldo Príncipe do Pagode, Chico Lang, Nani Venâncio) ou com lideranças tradicionais (Celso Jatene, Paulo Frange, Conte Lopes, Adilson Amadeu).
h)SERRA: apoiado por alguns sindicatos patronais (Fecomercio e Associação Comercial ACSP), grandes veículos de comunicação (Veja, Globo, Folha e Estadão), militares (Coronel Paulo Telhada e Coronel Álvaro Camilo, na chapa de vereadores, bem como apoiado pelos subprefeitos do Kassab, que são coronéis da reserva), evangélicos e pastores conservadores (algumas igrejas Assembléia de Deus; Silas Malafaia, Marta Costa na chapa de vereadores, filha do Pastor José Wellington Bezerra da Costa; Pr. Hideraldo Pagliarian e José Pagliarin como vereadores pela Igreja Paz e Vida; Carlos Bezerra e Patrícia Bezerra da Comunidade da Graça, Pastor Atalaia, Miss. Edilaine Pires), candidatos a vereadores famosos (Serginho do BBB, Kiko KLB, Agnaldo Timóteo, Ademir da Guia, Aurélio Miguel), lideranças tradicionais do partido/cidade (Andrea Matarazzo, Antonio Carlos Rodrigues, Tonhinho Paiva, Floriano Pesaro, Goulart, Police Neto, Estima, Tuma, Havanir, Milton Leite, Mirian Athiê) e intelectuais (Boris Fausto, Fernando Henrique Cardoso, José de Souza Martins, Arnaldo Jabor, Celso Lafer, Grandino Rodas, Hélio Bicudo).
Pois é isto aí. A eleição está embolada, as estatísticas não dizem muito coisa, só nos resta votar e aguardar as cenas do próximo capítulo.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Som e Fúria
São sempre as mesmas canções, músicas, intérpretes e letras. O ouvido, e alma, só se satisfazem com as mesmas composições sonoras.
E isto há quase uma década.
No ciclo anterior o pop rock nacional dos anos 80 foi hegemônico; deve ter durado pouco mais de 05 anos.
Este ciclo, no entanto, é diferente: um ciclo que não passa, nem se acaba, nem se encerra. A impressão é de que estas músicas permanecerão até o fim de tudo.
Não sei da vida a fluidez, o movimento ou o fluxo do devir. Só sei de sons perenes, estáticos, eternos. Fluem apenas nos ouvidos sons de outrora, atuais, vão e voltam, em movimentos coordenados, trazendo sempre a mesma provisão.
Isto é sinônimo de incompletude. Há falta, tudo escorre. Ausência, negação. Não.
Necessidade da mesma provisão, do mesmo alimento, do mesmo remédio, sempre.
Body and soul, num chão de estrelas, dando a resposta ao tempo, aguardando a noite do bem, pra não se esquecer de mim. Não vou poupar coração, drão. Let’s stay together. Por toda minha vida, eu te proclamo o meu amor. Explode coração, que o suave veneno inebria. E quem sabe então num futuro, amantes? Sob medida.
E isto há quase uma década.
No ciclo anterior o pop rock nacional dos anos 80 foi hegemônico; deve ter durado pouco mais de 05 anos.
Este ciclo, no entanto, é diferente: um ciclo que não passa, nem se acaba, nem se encerra. A impressão é de que estas músicas permanecerão até o fim de tudo.
Não sei da vida a fluidez, o movimento ou o fluxo do devir. Só sei de sons perenes, estáticos, eternos. Fluem apenas nos ouvidos sons de outrora, atuais, vão e voltam, em movimentos coordenados, trazendo sempre a mesma provisão.
Isto é sinônimo de incompletude. Há falta, tudo escorre. Ausência, negação. Não.
Necessidade da mesma provisão, do mesmo alimento, do mesmo remédio, sempre.
Body and soul, num chão de estrelas, dando a resposta ao tempo, aguardando a noite do bem, pra não se esquecer de mim. Não vou poupar coração, drão. Let’s stay together. Por toda minha vida, eu te proclamo o meu amor. Explode coração, que o suave veneno inebria. E quem sabe então num futuro, amantes? Sob medida.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Haiti: o 28° Estado Brasileiro
Não creio que seja uma proposta disparatada: tornar o Haiti um Estado federado brasileiro, com autonomia própria.
Já fornecemos segurança, saúde e infraestrutura através das forças militares, das empresas privadas brasileiras, de associações (ONGs) e demais órgãos públicos (Embrapa, BNDES, SUS, etc).
Observo ainda que, de todos os países envolvidos na Missão da ONU para o Haiti, somos os mais comprometidos com a melhoria do quadro geral social, político e econômico da região, o que legitima nossa intenção; além do mais, haitianos já migram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e nos veem como irmãos, e não como imperialistas em busca apenas de sugar as reservas naturais haitianas.
Lembro que, quando do desastre que arrasou o Haiti, Nelson de Sá (colunista da Folha), citando o jornalista Eugênio Bucci, "nossa imprensa vai tecendo uma teia de pertencimento ao imaginário nacional que inclui o Haiti". Até "na cobertura de TV sobre a "agressividade" da ajuda americana, os haitianos aparecem criticando as intenções dos EUA" de "ocupar o país" e não ajudar -o que, diz, "não era comum" nos telejornais brasileiros".
É o momento da Presidência da República engendrar diálogo com todas as forças políticas haitianas para esta finalidade, inclusive com consulta à população.
Afinal, tanto o Haiti é aqui, quanto o Brasil é lá. E em acolá expandiremos.
Já fornecemos segurança, saúde e infraestrutura através das forças militares, das empresas privadas brasileiras, de associações (ONGs) e demais órgãos públicos (Embrapa, BNDES, SUS, etc).
Observo ainda que, de todos os países envolvidos na Missão da ONU para o Haiti, somos os mais comprometidos com a melhoria do quadro geral social, político e econômico da região, o que legitima nossa intenção; além do mais, haitianos já migram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e nos veem como irmãos, e não como imperialistas em busca apenas de sugar as reservas naturais haitianas.
Lembro que, quando do desastre que arrasou o Haiti, Nelson de Sá (colunista da Folha), citando o jornalista Eugênio Bucci, "nossa imprensa vai tecendo uma teia de pertencimento ao imaginário nacional que inclui o Haiti". Até "na cobertura de TV sobre a "agressividade" da ajuda americana, os haitianos aparecem criticando as intenções dos EUA" de "ocupar o país" e não ajudar -o que, diz, "não era comum" nos telejornais brasileiros".
É o momento da Presidência da República engendrar diálogo com todas as forças políticas haitianas para esta finalidade, inclusive com consulta à população.
Afinal, tanto o Haiti é aqui, quanto o Brasil é lá. E em acolá expandiremos.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
À Ela
A DANÇA
Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Pablo Neruda
Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Pablo Neruda
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Palavre(rr)ado
As palavras vêm e(m) vão,
quando querem, somem.
Se soltam,sem amarras.
P-r-e-n-d-e-m-se, "amarr-ao-se".
quando querem, somem.
Se soltam,sem amarras.
P-r-e-n-d-e-m-se, "amarr-ao-se".
Dia, noite. Adentro.
Aquela casa destoava das demais daquele bairro; primeiro porque o corpo da casa principal não ocupava todo o terreno, mas apenas o fundo. Segundo, porque era alta e possuía janelões frontais coloniais, com ares rupestres, azuis e com detalhes em branco. A cor predominante da fachada era o vermelhidão. Não era uma casa grande, mas era confortável, com luz e ventilação naturais.
Ali se viam cortinas alvoroçadas pelo vento que passava casualmente e se notava um rapaz, digitando qualquer coisa em seu minicomputador.
Engraçado perceber que o pouco barulho produzido naquela tarde indecisa de terça-feira, inquietava-o. Aliás, assim como qualquer outro barulho.
Jovem de altura mediana, nem gordo, nem magro. Nem bonito, nem feio. Atento à tela, por vezes, deixava sua cadeira para observar o pequeno quintal de árvores temporãs, tal como ele.
O olhar descuidado não percebia o que se passava ao redor, concentrado que estava em uma frase de Machado de Assis, extraída do conto “Um apólogo”:
“ - Também eu tenho servido de agulha para muita linha ordinária”.
A tarde cumpriu seu destino e se foi. A noite veio, trazendo consigo a escuridão, o vento frio e ares mais mundanos e complexos. As janelas se fecharam, as cortinas deixaram de farfalhar. As árvores verdes se enegreceram e houve luz na casa. Um mundo novo, tenso, se seguiu.
O alinhamento da órbita das estrelas foi difícil, mas se quiser navegar na amplidão, tem que passar o Bojador, além da dor.
No dia seguinte, descansou. Vendo o acontecido, viu que fora bom.
Ali se viam cortinas alvoroçadas pelo vento que passava casualmente e se notava um rapaz, digitando qualquer coisa em seu minicomputador.
Engraçado perceber que o pouco barulho produzido naquela tarde indecisa de terça-feira, inquietava-o. Aliás, assim como qualquer outro barulho.
Jovem de altura mediana, nem gordo, nem magro. Nem bonito, nem feio. Atento à tela, por vezes, deixava sua cadeira para observar o pequeno quintal de árvores temporãs, tal como ele.
O olhar descuidado não percebia o que se passava ao redor, concentrado que estava em uma frase de Machado de Assis, extraída do conto “Um apólogo”:
“ - Também eu tenho servido de agulha para muita linha ordinária”.
A tarde cumpriu seu destino e se foi. A noite veio, trazendo consigo a escuridão, o vento frio e ares mais mundanos e complexos. As janelas se fecharam, as cortinas deixaram de farfalhar. As árvores verdes se enegreceram e houve luz na casa. Um mundo novo, tenso, se seguiu.
O alinhamento da órbita das estrelas foi difícil, mas se quiser navegar na amplidão, tem que passar o Bojador, além da dor.
No dia seguinte, descansou. Vendo o acontecido, viu que fora bom.
sábado, 21 de maio de 2011
O deserto dá vida ou apontamentos de teologia e sociologia
Por estes dias, ouvi uma pregação do pastor e missionário angolano Elias Binja, em um seminário organizado pelo grupo de jovens da IEAD no Jardim da Conquista, na Zona Leste de São Paulo.
Nesta pregação, ele utilizava como base o texto do livro do evangelho de LUCAS 3.2:
“Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias.” (grifo meu, para reforçar o local originador do agir divino).
Inicialmente, o pregador fez considerações acerca da ilegitimidade de Anás e Caifás como sacerdotes supremos do povo judeu, já que a linhagem familial sacerdotal recairia exclusivamente sobre Zacarias e seu filho, João Batista e, portanto, os primeiros teriam usurpado a liderança da responsabilidade litúrgica.
Mas o que mais me chamou a atenção na pregação diz respeito à comparação feita pelo pregador da vida no deserto e da vida na cidade; a contraposição dos estilos de vida: cidade x deserto.
Assim, a cidade representaria a busca pelo lucro, os afazeres cotidianos, a batalha pela sobrevivência, a grandiloqüência das obras humanas, o egoísmo, o self made man, a ausência de solidariedade e a ausência de Deus. Enfim, o homo economicus.
Por sua vez, o deserto representaria a busca pelo autoconhecimento, a solidão, a pequenez humana diante da grandiosidade da obra divina e a necessidade de Deus e do outro.
Esta contraposição de estilos de vida me lembrou do texto de “AS GRANDES CIDADES E A VIDA DO ESPÍRITO” do sociólogo Georg Simmel, cuja temática também é comparativa da vida citadina e da vida no campo.
Neste estudo, o autor analisa o individuo que vive nas grandes cidades em contraposição ao homem do campo, colocando como força motriz das relações citadinas a objetividade monetária do capitalismo.
O fundamento caracterizador da vida na cidade é de natureza psicológica e depois econômica, com a intensificação da vida nervosa: nós, seres humanos possuímos a característica de distinguir as coisas por meio das impressões, e, com o aumento da velocidade e da variância de possibilidades econômicas, pessoais, sociais e profissionais na vida urbana, o homem é, por assim dizer, chamado internamente a opinar sobre as mais variadas impressões colocadas perante ele a todo instante; em outras palavras, é maior a capacidade de processamento da realidade - através de impressões e distinções - do homem urbano, quando comparada ao homem do campo.
Esta chamada interna dá o caráter anímico - que vem da alma - e intelectualista da vida moderna em detrimento à vida rural, cujo “chamado interno” é mais uniforme e lento, além de ter a vida baseada nos sentimentos.
Desta feita, nos casos de mudanças de ambientes, o habitante do campo necessita buscar nos seus sentimentos a raiz para o entendimento da situação. Por sua vez, o habitante da cidade, por estar habituado a constantes alterações, já teria um “órgão protetor” contra o desenraizamento e as reações frente às alterações seriam menos sensitivas no homem urbano que no homem camponês.
E a razão de ser deste gesto protetivo do homem da cidade está na economia e nas trocas monetárias: a objetividade destas atividades não cede espaço a reações fundadas no ânimo ou nos sentimentos: o capitalismo é objetivo (compra, venda, troca, empréstimo, aluguel, alienação).
No campo da psicologia econômica, o autor cita que, no campo, fornecedor e freguês se conhecem mutuamente, na medida em que este encomenda produtos àquele, conquanto na cidade o fornecedor produz para um número indiscriminado de consumidores, com os quais nunca se encontrará. Sobra então, apenas o interesse econômico objetivo de todas as partes.
O homem da cidade é, antes de tudo, um homem contábil, o homo economicus. E, todos os demais sentimentos do indivíduo - traços essenciais individuais e seus impulsos irracionais - precisariam ser amenizados para que a pontualidade, impessoalidade, contabilidade e a exatidão da vida coletiva na cidade se reflitam no interior de cada habitante.
A característica mais clara do comportamento do homem da cidade está no seu comportamento blasé, ou seja, de reserva ou quase aversão a qualquer contato social e de reação contrária a quaisquer estímulos. O blasé é indiferente à distinção das coisas, não porque estas coisas sejam despercebidas, mas porque são nulas: o dinheiro, denominador comum das relações humanas, elimina as pluralidades e diferenças.
Por esta razão, mal conhecemos nossos vizinhos e colegas de estudo ou de trabalho.
As formações sociais mais básicas se iniciam com os “cercadinhos” - círculos pequenos com limitações de contato externo para própria autoconservação - dos quais os indivíduos não podem ultrapassar, mas nos quais podem exercitam limitadamente suas individualidades. Como exemplo, o autor cita os partidos políticos e associações religiosas.
Quanto mais estes grupos crescem, mais a unidade interior se esvai e mais os indivíduos realizam suas potencialidades.
Assim, as indiferenças mútuas e a reserva entre os indivíduos dos círculos maiores, e a cidade cosmopolita é exemplo de formação social complexa, fazem do homem da cidade mais independente do que o homem do campo, e também, mais solitário; ao não interagir com os demais, o indivíduo demonstra que seu modo de vida não é imposto por outros. Reforça sua independência e sua solidão.
Ademais, com a crescente divisão do trabalho e a possibilidade de se criar necessidades lucrativas, o homem busca cada vez mais a especialização, a qual lhe permitiria auferir ganhos maiores; esta especialização se traduz em inovações, instituições, conhecimento, refinamento técnico e delimitação de novas fronteiras científicas, mas também traz consigo egoísmos, esquisitices, extravagâncias, caprichos, preciosismos.
O espírito objetivo da cidade se contrapõe ao espírito subjetivo do campo. O homem da cidade ultrapassa os limites da ciência, do bem-estar individual e do conhecimento, se afastando da espiritualidade, da delicadeza e do idealismo. Segundo o autor, acerca do homem da cidade:
“Ele foi rebaixado (…) à um grão de areia em uma organização monstruosa de coisas e potências, que gradualmente lhe subtraiu todos os progressos, espiritualidades e valores e os transladou da forma subjetiva à forma de vida puramente objetiva, talvez de modo menos consciente do que na prática e nos obscuros sentimentos que dela se originam.”
Argumenta o sociólogo que, desta situação, advieram duas correntes filosóficas: uma nietzschiana, na qual o resgate da cultura individual deve prevalecer sobre o que é atribuível a todos, ou seja, as diferenciações e peculiaridades individuais não podem ser diminuídas em face do coletivo ou de uma determinada objetividade coletiva, e, outra socialista, no qual os interesses individuais deveriam coexistir de forma harmoniosa num nível baixo de concorrência entre os indivíduos.
Ambas as posturas, segundo o sociólogo, denotariam a “resistência do sujeito a ser nivelado e consumido em um mecanismo tecno-social.”
Por fim, neste arrazoado de sociologia da religião, sugiro uma terceira corrente, humanista e teológica: que tal o deserto de Deus - a despeito dos diversos nomes que Ele possui nas mais diversas sociedades - para mostrar-nos nossas limitações e indicar-nos uma nova divindade e humanidade interior, cuja alteridade permita dialogar com o outro?
Nesta pregação, ele utilizava como base o texto do livro do evangelho de LUCAS 3.2:
“Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias.” (grifo meu, para reforçar o local originador do agir divino).
Inicialmente, o pregador fez considerações acerca da ilegitimidade de Anás e Caifás como sacerdotes supremos do povo judeu, já que a linhagem familial sacerdotal recairia exclusivamente sobre Zacarias e seu filho, João Batista e, portanto, os primeiros teriam usurpado a liderança da responsabilidade litúrgica.
Mas o que mais me chamou a atenção na pregação diz respeito à comparação feita pelo pregador da vida no deserto e da vida na cidade; a contraposição dos estilos de vida: cidade x deserto.
Assim, a cidade representaria a busca pelo lucro, os afazeres cotidianos, a batalha pela sobrevivência, a grandiloqüência das obras humanas, o egoísmo, o self made man, a ausência de solidariedade e a ausência de Deus. Enfim, o homo economicus.
Por sua vez, o deserto representaria a busca pelo autoconhecimento, a solidão, a pequenez humana diante da grandiosidade da obra divina e a necessidade de Deus e do outro.
Esta contraposição de estilos de vida me lembrou do texto de “AS GRANDES CIDADES E A VIDA DO ESPÍRITO” do sociólogo Georg Simmel, cuja temática também é comparativa da vida citadina e da vida no campo.
Neste estudo, o autor analisa o individuo que vive nas grandes cidades em contraposição ao homem do campo, colocando como força motriz das relações citadinas a objetividade monetária do capitalismo.
O fundamento caracterizador da vida na cidade é de natureza psicológica e depois econômica, com a intensificação da vida nervosa: nós, seres humanos possuímos a característica de distinguir as coisas por meio das impressões, e, com o aumento da velocidade e da variância de possibilidades econômicas, pessoais, sociais e profissionais na vida urbana, o homem é, por assim dizer, chamado internamente a opinar sobre as mais variadas impressões colocadas perante ele a todo instante; em outras palavras, é maior a capacidade de processamento da realidade - através de impressões e distinções - do homem urbano, quando comparada ao homem do campo.
Esta chamada interna dá o caráter anímico - que vem da alma - e intelectualista da vida moderna em detrimento à vida rural, cujo “chamado interno” é mais uniforme e lento, além de ter a vida baseada nos sentimentos.
Desta feita, nos casos de mudanças de ambientes, o habitante do campo necessita buscar nos seus sentimentos a raiz para o entendimento da situação. Por sua vez, o habitante da cidade, por estar habituado a constantes alterações, já teria um “órgão protetor” contra o desenraizamento e as reações frente às alterações seriam menos sensitivas no homem urbano que no homem camponês.
E a razão de ser deste gesto protetivo do homem da cidade está na economia e nas trocas monetárias: a objetividade destas atividades não cede espaço a reações fundadas no ânimo ou nos sentimentos: o capitalismo é objetivo (compra, venda, troca, empréstimo, aluguel, alienação).
No campo da psicologia econômica, o autor cita que, no campo, fornecedor e freguês se conhecem mutuamente, na medida em que este encomenda produtos àquele, conquanto na cidade o fornecedor produz para um número indiscriminado de consumidores, com os quais nunca se encontrará. Sobra então, apenas o interesse econômico objetivo de todas as partes.
O homem da cidade é, antes de tudo, um homem contábil, o homo economicus. E, todos os demais sentimentos do indivíduo - traços essenciais individuais e seus impulsos irracionais - precisariam ser amenizados para que a pontualidade, impessoalidade, contabilidade e a exatidão da vida coletiva na cidade se reflitam no interior de cada habitante.
A característica mais clara do comportamento do homem da cidade está no seu comportamento blasé, ou seja, de reserva ou quase aversão a qualquer contato social e de reação contrária a quaisquer estímulos. O blasé é indiferente à distinção das coisas, não porque estas coisas sejam despercebidas, mas porque são nulas: o dinheiro, denominador comum das relações humanas, elimina as pluralidades e diferenças.
Por esta razão, mal conhecemos nossos vizinhos e colegas de estudo ou de trabalho.
As formações sociais mais básicas se iniciam com os “cercadinhos” - círculos pequenos com limitações de contato externo para própria autoconservação - dos quais os indivíduos não podem ultrapassar, mas nos quais podem exercitam limitadamente suas individualidades. Como exemplo, o autor cita os partidos políticos e associações religiosas.
Quanto mais estes grupos crescem, mais a unidade interior se esvai e mais os indivíduos realizam suas potencialidades.
Assim, as indiferenças mútuas e a reserva entre os indivíduos dos círculos maiores, e a cidade cosmopolita é exemplo de formação social complexa, fazem do homem da cidade mais independente do que o homem do campo, e também, mais solitário; ao não interagir com os demais, o indivíduo demonstra que seu modo de vida não é imposto por outros. Reforça sua independência e sua solidão.
Ademais, com a crescente divisão do trabalho e a possibilidade de se criar necessidades lucrativas, o homem busca cada vez mais a especialização, a qual lhe permitiria auferir ganhos maiores; esta especialização se traduz em inovações, instituições, conhecimento, refinamento técnico e delimitação de novas fronteiras científicas, mas também traz consigo egoísmos, esquisitices, extravagâncias, caprichos, preciosismos.
O espírito objetivo da cidade se contrapõe ao espírito subjetivo do campo. O homem da cidade ultrapassa os limites da ciência, do bem-estar individual e do conhecimento, se afastando da espiritualidade, da delicadeza e do idealismo. Segundo o autor, acerca do homem da cidade:
“Ele foi rebaixado (…) à um grão de areia em uma organização monstruosa de coisas e potências, que gradualmente lhe subtraiu todos os progressos, espiritualidades e valores e os transladou da forma subjetiva à forma de vida puramente objetiva, talvez de modo menos consciente do que na prática e nos obscuros sentimentos que dela se originam.”
Argumenta o sociólogo que, desta situação, advieram duas correntes filosóficas: uma nietzschiana, na qual o resgate da cultura individual deve prevalecer sobre o que é atribuível a todos, ou seja, as diferenciações e peculiaridades individuais não podem ser diminuídas em face do coletivo ou de uma determinada objetividade coletiva, e, outra socialista, no qual os interesses individuais deveriam coexistir de forma harmoniosa num nível baixo de concorrência entre os indivíduos.
Ambas as posturas, segundo o sociólogo, denotariam a “resistência do sujeito a ser nivelado e consumido em um mecanismo tecno-social.”
Por fim, neste arrazoado de sociologia da religião, sugiro uma terceira corrente, humanista e teológica: que tal o deserto de Deus - a despeito dos diversos nomes que Ele possui nas mais diversas sociedades - para mostrar-nos nossas limitações e indicar-nos uma nova divindade e humanidade interior, cuja alteridade permita dialogar com o outro?
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Racismo e etnocentrismo
Abaixo, dois vídeos que tratam do racismo e do perigo do etnocentrismo.
Não se iludam: nem o fascismo morreu, nem tampouco as idéias de superioridade racial, étnica ou de classe social.
Só pra citar alguns casos: expulsão de ciganos búlgaros e romenos pelo governo francês (Sarkozy); restrição à direitos de imigrantes nos EUA; dificuldades na concessão de visto à imigrantes latinos, africanos e asiáticos para os países centrais (EUA, França, Inglaterra, Alemanha); movimentos discriminatórios contra migrantes em geral, e nordestinos em particular, em algumas cidades brasileiras; proibição do véu/burca na França; e por aí vai.
Não se iludam: nem o fascismo morreu, nem tampouco as idéias de superioridade racial, étnica ou de classe social.
Só pra citar alguns casos: expulsão de ciganos búlgaros e romenos pelo governo francês (Sarkozy); restrição à direitos de imigrantes nos EUA; dificuldades na concessão de visto à imigrantes latinos, africanos e asiáticos para os países centrais (EUA, França, Inglaterra, Alemanha); movimentos discriminatórios contra migrantes em geral, e nordestinos em particular, em algumas cidades brasileiras; proibição do véu/burca na França; e por aí vai.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Diálogos
"Eles se disseram, assim eles dois, coisas grandes em palavras pequenas, ti a mim, me a ti, e tanto. Contudo, e felizes, alguma outra coisa se agitava neles, confusa - assim rosa-amor-espinhos-saudade."
Guimarães Rosa: Primeiras Estórias, "A partida do audaz navegante".
Guimarães Rosa: Primeiras Estórias, "A partida do audaz navegante".
domingo, 31 de outubro de 2010
Nana Caymmi - Rio Sonata
Enfim, consegui arrumar um tempinho para ir à Mostra Internacional de Cinema. E não poderia ter sido escolha mais feliz.
O filme mostra trechos de músicas, shows e entrevistas de Nana entremeadas com imagens do Rio de Janeiro, ora idílico, ora popular.
Nana Caymmi é para os humilhados, ofendidos e atormentados pelo amor, pela paixão, pela saudade, pela angústia.
"Eu quero amar demais, sem poupar coração, pois pra mim o amor que apraz é uma louca paixão. O amor só satisfaz além da razão".
"Só louco amou como eu amei".
"Respondo que ele [o tempo] aprisiona, eu liberto. Que ele adormece as paixões e eu desperto".
"Sorri; quando tudo terminar, quando nada mais restar do seu sonho encantador".
Tudo isto na voz de Nana.
Tentei o "boys don't cry"; só durou poucos minutos.
O filme mostra trechos de músicas, shows e entrevistas de Nana entremeadas com imagens do Rio de Janeiro, ora idílico, ora popular.
Nana Caymmi é para os humilhados, ofendidos e atormentados pelo amor, pela paixão, pela saudade, pela angústia.
"Eu quero amar demais, sem poupar coração, pois pra mim o amor que apraz é uma louca paixão. O amor só satisfaz além da razão".
"Só louco amou como eu amei".
"Respondo que ele [o tempo] aprisiona, eu liberto. Que ele adormece as paixões e eu desperto".
"Sorri; quando tudo terminar, quando nada mais restar do seu sonho encantador".
Tudo isto na voz de Nana.
Tentei o "boys don't cry"; só durou poucos minutos.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Entre canções e sustentabilidade - SWU
Pois bem, não fui ao SWU por "n" motivos, principalmente porque o tema "sustentabilidade" e suas variantes não me interessa; o problema é mais embaixo e isto é uma outra história.
Enfim, vamos ao que interessa: segue o link de texto brilhante do Pedro Alexandre Sanches (que manja tudo e mais um pouco de MPB) sobre o festival.
http://pedroalexandresanches.blogspot.com/2010/10/sem-lenco-sem-documento-ou-vida-nao-se.html
Enfim, vamos ao que interessa: segue o link de texto brilhante do Pedro Alexandre Sanches (que manja tudo e mais um pouco de MPB) sobre o festival.
http://pedroalexandresanches.blogspot.com/2010/10/sem-lenco-sem-documento-ou-vida-nao-se.html
domingo, 8 de agosto de 2010
Janelas
Na estrada da Divisa recolheu os destroços de Além do Mar.
Naquela estrada, cuja ida se aproximava de Jesus do Céu e cuja vinda se achegava à Nós do Morro, fez a felicidade.
Não que a Felicidade se construa, assim, como prédio, ainda mais vindo de destroços. Mesmo porque ela não tem a intenção de chegar ao céu, só mesmo de passear em algumas mentes ansiosas. Naquele momento, ela preferiu fincar bases no telhado da casa d’Ele, bem perto de onde Ele recolhia as sobras de uma briga qualquer; e como estava cansada de perambular por aí, por ali, por cá e nada receber em troca, ainda que apenas oferecesse momentos fugidios, decidiu ficar lá mesmo.
E como falei de destroços e de brigas, cumpre saber o que se sucedera naquelas margens.
Na realidade, somente dois trens desembestados, em tamanho inversamente proporcional às idéias, resolvendo antigas querelas patrimoniais; no final, nada com ninguém, apenas com Ele o objeto da discussão: algumas ferramentas para arar a terra e uma mão de sementes de maçã-real, cuja doçura, segundo especialistas, é superior à maçã-imperial e à grande-maçã, cultivadas que são lá no estrangeiro. Coisa rara, portanto.
Mas como os dois destrambelhados não se importaram com as sementes caídas na grama, Ele achou por bem pegá-las, lavá-las e plantá-las em seu terreno, junto à beira do lago.
Seu terreno era acidentado, caído para o lago Lorraine, curvilíneo; no plano, na beira da estrada, montara uma ampla casa-galpão de alvenaria, sem muitas paredes e cujo pé-direito, “Jesuis Cristinho Mãe de Deus!” diziam os visitantes mais afoitos ao notá-lo, quase tocava nuvens mais desatentas, largas e soltas ao léu. Tudo muito arborizado, ventilado.
Nas noites outonais Ele saía ao relento, à varanda, à rua, à vida. A brisa que corria pela casa e saía pela janela do quarto trazia o hálito da noite e preparava a manhã seguinte, perfumando os corredores, os corpos, as almas.
Noutra manhã, era a canção que circulava pelos corredores, unindo-se à brisa noturna, insuflando lirismo nas veias d’Ele; a cavalgada das Valquírias, sem poupar corações, parou bruscamente na sala ao ouvir o som de uma voz singular declarando que naquele lugar as estrelas desenhavam o chão no qual pisava, distraída, uma jovem. E o desenho indicava formas geométricas salpicadas de cores primárias, vivas, únicas, tal qual mosaico. E a jovem revelava tudo o que foi, tudo o que é, tudo o que havia de ser.
A jovem entrou pela porta frontal em direção ao sofá; vestia uma camiseta simples e uma calcinha branca; sem sutiãs, realçava seus pequenos seios no corpo leve, magro, alto, esguio, na pele escura. Seus seios, maçãs suculentas, saborosos, como líquido agridoce, palpáveis; as mãos trêmulas, nervosas, rápidas, indecisas, tocando-os, apertando-os; deslizando ao colo, contornando os quadris. Aproximando, corpo-a-corpo, no parapeito, sem parar os lábios ao redor, em tudo. Os dedos nos pêlos do entreaberto já emotivo, a bocânus. Em pé, sentados, deitados, em ângulos; engole em goles de suor. Tensão. Tem são?
Na loucura, a mando da paixão,
amando, sem senhor, sem patrão,
sem razão.
Sim senhor, escravo;
escrevo o que dá na telha.
E o que dá no telhado é maçã-real.
Jorram maçãs e peitos e mãos e palavras.
Liquidifico.
Líquido, flui.
Liquefaço.
Li, que, fazemos.
Pela janela da sala avistei a cena e notei; estou só, e isto é tudo. Não há nada de novo debaixo do sol, nem tampouco acima da terra. O céu permanecia, no seu ritmo habitual; fluidez.
Naquela estrada, cuja ida se aproximava de Jesus do Céu e cuja vinda se achegava à Nós do Morro, fez a felicidade.
Não que a Felicidade se construa, assim, como prédio, ainda mais vindo de destroços. Mesmo porque ela não tem a intenção de chegar ao céu, só mesmo de passear em algumas mentes ansiosas. Naquele momento, ela preferiu fincar bases no telhado da casa d’Ele, bem perto de onde Ele recolhia as sobras de uma briga qualquer; e como estava cansada de perambular por aí, por ali, por cá e nada receber em troca, ainda que apenas oferecesse momentos fugidios, decidiu ficar lá mesmo.
E como falei de destroços e de brigas, cumpre saber o que se sucedera naquelas margens.
Na realidade, somente dois trens desembestados, em tamanho inversamente proporcional às idéias, resolvendo antigas querelas patrimoniais; no final, nada com ninguém, apenas com Ele o objeto da discussão: algumas ferramentas para arar a terra e uma mão de sementes de maçã-real, cuja doçura, segundo especialistas, é superior à maçã-imperial e à grande-maçã, cultivadas que são lá no estrangeiro. Coisa rara, portanto.
Mas como os dois destrambelhados não se importaram com as sementes caídas na grama, Ele achou por bem pegá-las, lavá-las e plantá-las em seu terreno, junto à beira do lago.
Seu terreno era acidentado, caído para o lago Lorraine, curvilíneo; no plano, na beira da estrada, montara uma ampla casa-galpão de alvenaria, sem muitas paredes e cujo pé-direito, “Jesuis Cristinho Mãe de Deus!” diziam os visitantes mais afoitos ao notá-lo, quase tocava nuvens mais desatentas, largas e soltas ao léu. Tudo muito arborizado, ventilado.
Nas noites outonais Ele saía ao relento, à varanda, à rua, à vida. A brisa que corria pela casa e saía pela janela do quarto trazia o hálito da noite e preparava a manhã seguinte, perfumando os corredores, os corpos, as almas.
Noutra manhã, era a canção que circulava pelos corredores, unindo-se à brisa noturna, insuflando lirismo nas veias d’Ele; a cavalgada das Valquírias, sem poupar corações, parou bruscamente na sala ao ouvir o som de uma voz singular declarando que naquele lugar as estrelas desenhavam o chão no qual pisava, distraída, uma jovem. E o desenho indicava formas geométricas salpicadas de cores primárias, vivas, únicas, tal qual mosaico. E a jovem revelava tudo o que foi, tudo o que é, tudo o que havia de ser.
A jovem entrou pela porta frontal em direção ao sofá; vestia uma camiseta simples e uma calcinha branca; sem sutiãs, realçava seus pequenos seios no corpo leve, magro, alto, esguio, na pele escura. Seus seios, maçãs suculentas, saborosos, como líquido agridoce, palpáveis; as mãos trêmulas, nervosas, rápidas, indecisas, tocando-os, apertando-os; deslizando ao colo, contornando os quadris. Aproximando, corpo-a-corpo, no parapeito, sem parar os lábios ao redor, em tudo. Os dedos nos pêlos do entreaberto já emotivo, a bocânus. Em pé, sentados, deitados, em ângulos; engole em goles de suor. Tensão. Tem são?
Na loucura, a mando da paixão,
amando, sem senhor, sem patrão,
sem razão.
Sim senhor, escravo;
escrevo o que dá na telha.
E o que dá no telhado é maçã-real.
Jorram maçãs e peitos e mãos e palavras.
Liquidifico.
Líquido, flui.
Liquefaço.
Li, que, fazemos.
Pela janela da sala avistei a cena e notei; estou só, e isto é tudo. Não há nada de novo debaixo do sol, nem tampouco acima da terra. O céu permanecia, no seu ritmo habitual; fluidez.
quarta-feira, 24 de março de 2010
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Sobre: a "redenção" ou "não é possível sair da vida ileso"
É o que se pode resumir do filme "Desejo e Reparação" (Atonement, baseado na obra do escritor Ian McEwan, de Joe Wright, com James McAvoy e Keira Knightley).
Particulamente, a segunda opção é a mais apropriada para explicar não apenas o filme, mas algumas (ou muitas) situações desta nossa vida ordinária.
Particulamente, a segunda opção é a mais apropriada para explicar não apenas o filme, mas algumas (ou muitas) situações desta nossa vida ordinária.
domingo, 26 de julho de 2009
Caso: caos casual causal
- Você vem sempre aqui?
- Não interessa... isto é lá jeito de se chegar à uma mulher? Medíocre!
- Ah, então você é do tipo intelectual-sensível?
- Petulante...
- Já sei...que tal você resolver meu problema existencial sendo minha Beauvoir?
- Arghh..... sai de perto de mim seu asqueroso!
- Então é do tipo limpinha..
- Idiota! Saia daqui! Você tá me incomodando! Vou chamar meu namorado...
- Baby, desista. Eu te amo e isto é tudo. Você quer beber alguma coisa pra relaxar?
- Acho que não...estou cansada e minhas pernas doem, vou pra casa descansar. Quanto à me amar, esqueça, não acredito nisto, assim, tão rápido.
- Eu também estou cansado, mas vou pra sua casa dormir. Lá é o meu habitat agora.
- Nem pense nisso... tenho namorado e família. Se quiser, te dou uma nova chance, num outro dia a gente sai pra almoçar. Depois disto, nada mais. Eu vivo a minha vida e você me esquece. Que tal?
- Já evoluí...pelo menos tenho uma proposta de um reencontro. Quanto à sua família e seu namorado, esqueça-os: apenas somos nós dois daqui pra frente.
Respiração curta, acelerada e movimentos desajeitados.
- Ah, meu amor, eu fico sem graça já na primeira vez....fico tímida.
- Nem pense em timidez agora...falou ele, com olhar malicioso. Quero o seu carinho, sua atenção, seu sorriso, suas lágrimas, seu coração, sua mente, sua alma. Quero invadir você, mesmo porque você já dominou meu estado de espírito.
Ela tirou o salto alto, deitou-se no sofá e pensou que talvez nada fosse mais precioso que a liberdade de se mostrar tal como veio ao mundo.
- Não interessa... isto é lá jeito de se chegar à uma mulher? Medíocre!
- Ah, então você é do tipo intelectual-sensível?
- Petulante...
- Já sei...que tal você resolver meu problema existencial sendo minha Beauvoir?
- Arghh..... sai de perto de mim seu asqueroso!
- Então é do tipo limpinha..
- Idiota! Saia daqui! Você tá me incomodando! Vou chamar meu namorado...
- Baby, desista. Eu te amo e isto é tudo. Você quer beber alguma coisa pra relaxar?
- Acho que não...estou cansada e minhas pernas doem, vou pra casa descansar. Quanto à me amar, esqueça, não acredito nisto, assim, tão rápido.
- Eu também estou cansado, mas vou pra sua casa dormir. Lá é o meu habitat agora.
- Nem pense nisso... tenho namorado e família. Se quiser, te dou uma nova chance, num outro dia a gente sai pra almoçar. Depois disto, nada mais. Eu vivo a minha vida e você me esquece. Que tal?
- Já evoluí...pelo menos tenho uma proposta de um reencontro. Quanto à sua família e seu namorado, esqueça-os: apenas somos nós dois daqui pra frente.
Respiração curta, acelerada e movimentos desajeitados.
- Ah, meu amor, eu fico sem graça já na primeira vez....fico tímida.
- Nem pense em timidez agora...falou ele, com olhar malicioso. Quero o seu carinho, sua atenção, seu sorriso, suas lágrimas, seu coração, sua mente, sua alma. Quero invadir você, mesmo porque você já dominou meu estado de espírito.
Ela tirou o salto alto, deitou-se no sofá e pensou que talvez nada fosse mais precioso que a liberdade de se mostrar tal como veio ao mundo.
domingo, 14 de junho de 2009
Modinha
Não havia pão, não havia leite,
"não havia" era o que se dizia
em além, nas cercanias.
Mas havia também, um porém,
mesmo sem qualquer vintém,
de alegria se vivia.
Nos idos daquela festa junina,
onde nem brisa existia,
tudo se resolveu.
Choveu, amanheceu, nasceu, cresceu.
E pra terminar minha modinha,
pr'eu cuidar das plantinhas,
me amei com Aninha.
"não havia" era o que se dizia
em além, nas cercanias.
Mas havia também, um porém,
mesmo sem qualquer vintém,
de alegria se vivia.
Nos idos daquela festa junina,
onde nem brisa existia,
tudo se resolveu.
Choveu, amanheceu, nasceu, cresceu.
E pra terminar minha modinha,
pr'eu cuidar das plantinhas,
me amei com Aninha.
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