quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Racismo e etnocentrismo

Abaixo, dois vídeos que tratam do racismo e do perigo do etnocentrismo.

Não se iludam: nem o fascismo morreu, nem tampouco as idéias de superioridade racial, étnica ou de classe social.

Só pra citar alguns casos: expulsão de ciganos búlgaros e romenos pelo governo francês (Sarkozy); restrição à direitos de imigrantes nos EUA; dificuldades na concessão de visto à imigrantes latinos, africanos e asiáticos para os países centrais (EUA, França, Inglaterra, Alemanha); movimentos discriminatórios contra migrantes em geral, e nordestinos em particular, em algumas cidades brasileiras; proibição do véu/burca na França; e por aí vai.



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Diálogos

"Eles se disseram, assim eles dois, coisas grandes em palavras pequenas, ti a mim, me a ti, e tanto. Contudo, e felizes, alguma outra coisa se agitava neles, confusa - assim rosa-amor-espinhos-saudade."

Guimarães Rosa: Primeiras Estórias, "A partida do audaz navegante".

domingo, 31 de outubro de 2010

Nana Caymmi - Rio Sonata

Enfim, consegui arrumar um tempinho para ir à Mostra Internacional de Cinema. E não poderia ter sido escolha mais feliz.

O filme mostra trechos de músicas, shows e entrevistas de Nana entremeadas com imagens do Rio de Janeiro, ora idílico, ora popular.

Nana Caymmi é para os humilhados, ofendidos e atormentados pelo amor, pela paixão, pela saudade, pela angústia.

"Eu quero amar demais, sem poupar coração, pois pra mim o amor que apraz é uma louca paixão. O amor só satisfaz além da razão".

"Só louco amou como eu amei".

"Respondo que ele [o tempo] aprisiona, eu liberto. Que ele adormece as paixões e eu desperto".

"Sorri; quando tudo terminar, quando nada mais restar do seu sonho encantador".

Tudo isto na voz de Nana.

Tentei o "boys don't cry"; só durou poucos minutos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Entre canções e sustentabilidade - SWU

Pois bem, não fui ao SWU por "n" motivos, principalmente porque o tema "sustentabilidade" e suas variantes não me interessa; o problema é mais embaixo e isto é uma outra história.

Enfim, vamos ao que interessa: segue o link de texto brilhante do Pedro Alexandre Sanches (que manja tudo e mais um pouco de MPB) sobre o festival.

http://pedroalexandresanches.blogspot.com/2010/10/sem-lenco-sem-documento-ou-vida-nao-se.html

domingo, 8 de agosto de 2010

Janelas

Na estrada da Divisa recolheu os destroços de Além do Mar.
Naquela estrada, cuja ida se aproximava de Jesus do Céu e cuja vinda se achegava à Nós do Morro, fez a felicidade.
Não que a Felicidade se construa, assim, como prédio, ainda mais vindo de destroços. Mesmo porque ela não tem a intenção de chegar ao céu, só mesmo de passear em algumas mentes ansiosas. Naquele momento, ela preferiu fincar bases no telhado da casa d’Ele, bem perto de onde Ele recolhia as sobras de uma briga qualquer; e como estava cansada de perambular por aí, por ali, por cá e nada receber em troca, ainda que apenas oferecesse momentos fugidios, decidiu ficar lá mesmo.
E como falei de destroços e de brigas, cumpre saber o que se sucedera naquelas margens.
Na realidade, somente dois trens desembestados, em tamanho inversamente proporcional às idéias, resolvendo antigas querelas patrimoniais; no final, nada com ninguém, apenas com Ele o objeto da discussão: algumas ferramentas para arar a terra e uma mão de sementes de maçã-real, cuja doçura, segundo especialistas, é superior à maçã-imperial e à grande-maçã, cultivadas que são lá no estrangeiro. Coisa rara, portanto.
Mas como os dois destrambelhados não se importaram com as sementes caídas na grama, Ele achou por bem pegá-las, lavá-las e plantá-las em seu terreno, junto à beira do lago.
Seu terreno era acidentado, caído para o lago Lorraine, curvilíneo; no plano, na beira da estrada, montara uma ampla casa-galpão de alvenaria, sem muitas paredes e cujo pé-direito, “Jesuis Cristinho Mãe de Deus!” diziam os visitantes mais afoitos ao notá-lo, quase tocava nuvens mais desatentas, largas e soltas ao léu. Tudo muito arborizado, ventilado.
Nas noites outonais Ele saía ao relento, à varanda, à rua, à vida. A brisa que corria pela casa e saía pela janela do quarto trazia o hálito da noite e preparava a manhã seguinte, perfumando os corredores, os corpos, as almas.
Noutra manhã, era a canção que circulava pelos corredores, unindo-se à brisa noturna, insuflando lirismo nas veias d’Ele; a cavalgada das Valquírias, sem poupar corações, parou bruscamente na sala ao ouvir o som de uma voz singular declarando que naquele lugar as estrelas desenhavam o chão no qual pisava, distraída, uma jovem. E o desenho indicava formas geométricas salpicadas de cores primárias, vivas, únicas, tal qual mosaico. E a jovem revelava tudo o que foi, tudo o que é, tudo o que havia de ser.
A jovem entrou pela porta frontal em direção ao sofá; vestia uma camiseta simples e uma calcinha branca; sem sutiãs, realçava seus pequenos seios no corpo leve, magro, alto, esguio, na pele escura. Seus seios, maçãs suculentas, saborosos, como líquido agridoce, palpáveis; as mãos trêmulas, nervosas, rápidas, indecisas, tocando-os, apertando-os; deslizando ao colo, contornando os quadris. Aproximando, corpo-a-corpo, no parapeito, sem parar os lábios ao redor, em tudo. Os dedos nos pêlos do entreaberto já emotivo, a bocânus. Em pé, sentados, deitados, em ângulos; engole em goles de suor. Tensão. Tem são?

Na loucura, a mando da paixão,
amando, sem senhor, sem patrão,
sem razão.
Sim senhor, escravo;
escrevo o que dá na telha.
E o que dá no telhado é maçã-real.
Jorram maçãs e peitos e mãos e palavras.
Liquidifico.
Líquido, flui.
Liquefaço.
Li, que, fazemos.


Pela janela da sala avistei a cena e notei; estou só, e isto é tudo. Não há nada de novo debaixo do sol, nem tampouco acima da terra. O céu permanecia, no seu ritmo habitual; fluidez.

quarta-feira, 24 de março de 2010

23.225 - F19

À você, já mulher e ainda menina, todo amor que houver nesta vida.